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No Instagram, você é protagonista, ou plateia?

  • Foto do escritor: Myvrian  Braga
    Myvrian Braga
  • 22 de jul.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 22 de ago.


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Eu convido você a refletir com a gente um pouco sobre a saúde mental e as redes sociais, mais precisamente, o Instagram. Em uma entrevista, a psicóloga, Aline Lopes, embarcou comigo nessas reflexões.


Pare um pouco e reflita: como é sua atitude no seu perfil do Instagram?


Você é a protagonista? Algumas características do perfil protagonista são: postar o que tem vontade, postar seu dia-a-dia, suas tarefas, comidas, postar pensamentos e reflexões sobre o que você está pensando no momento. Seja no story, ou no feed. 


Você é a plateia? Aqui estão algumas características desse perfil: é aquela pessoa que (quase) nunca posta, mas está vendo tudo o que os outros publicam. É comum ver stories com poucos segundos postados. Você não perde um post sequer nos stories, nem os do feed. 


Myvrian Braga: Como a dinâmica entre ser protagonista e plateia nas redes sociais, como o Instagram, pode influenciar a saúde mental das pessoas?

Aline Lopes, psicóloga: "A gente observa que as pessoas que consomem muito conteúdo nas redes sociais muitas vezes estão sendo influenciadas. Não é à toa que surgiu a nova profissão de ‘influenciadores digitais’. Quando essas pessoas consideradas protagonistas têm um determinado poder sobre as pessoas que as assistem e têm engajamento, elas podem de fato influenciar a ponto de formar opiniões, incitar um estilo de vida e padrões de consumo. Em alguns casos, esses novos ideais são irreais para a realidade da maioria das pessoas. [...]. Outro ponto a se considerar são o que consideramos de ‘bolhas’ nas redes sociais, onde a pessoa vai receber os mesmos tipos de conteúdo, opiniões, estímulos de consumo e estilo de vida. A bolha influencia bastante como a gente percebe o mundo e pode, também, influenciar em como a gente toma as nossas decisões, pois as crenças se reforçam constantemente, sem a ponderação de ideias contrárias. As bolhas também podem reforçar intolerâncias com as diferenças de todos os tipos.


As pessoas que são plateia podem ter um tipo de dinâmica de consumo de conteúdo que pode não ser boa para elas. Consumir muito conteúdo, sobretudo de influenciadores digitais ricos, fitness, com estilos de vida muito luxuosos pode fazer quem consome esse conteúdo a se colocar em um lugar de comparação constante. Se essa comparação toma proporções intensas, sentimentos de vergonha podem surgir e esta pessoa pode se tornar muito insegura, ter medo de exposição, se achar insuficiente. 


Ao mesmo tempo, para a pessoa do ‘perfil’ protagonista, pode aumentar a vaidade, pois percebe que está ganhando poder, engajamento e sendo ‘desejada’. O engajamento gera um sentimento de reconhecimento também. Em alguns casos esse reconhecimento é real, genuíno, em outros, nem tanto. No caso de quem é ‘protagonista’, pode surgir uma certa dependência de engajamento constante para alimentar sua autoestima que fica condicionada à aprovação dada pelos likes, comentários, compartilhamentos. Este efeito também é nocivo para o psicológico, a ‘autoestima’ que vem dessa dependência de aprovação não é verdadeira, pois a autoimagem se torna muito frágil e vinculada às reações dos outros".


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Myvrian Braga: De que maneira a comparação constante com a vida de outras pessoas nas redes sociais pode afetar a autoestima e provocar sentimentos de inveja e insatisfação?

Aline Lopes, psicóloga: “Quando se está muito imerso no consumo das redes sociais, pode-se começar a ter uma sensação de que algo está errado com a própria vida, porque se vê tantas pessoas felizes, realizando coisas, sendo a melhor nisso ou naquilo, estando muito bonitas ou tendo muitos eventos sociais. Essa falsa sensação de realidade das redes sociais começa a distorcer o senso de realidade.


Pessoas ansiosas e com baixa autoestima têm mais tendência a se comparar e isso começa a provocar um sentimento de inveja e insatisfação com a própria vida, porém isso pode acontecer porque o senso de realidade está afetado. Ela pode acreditar que todo mundo está muito bem e ela está muito mal, ou também tenta se impor padrões de vida muito diferentes da sua realidade. 


O Instagram e as redes sociais são muito sobre imagem, marketing e persona, se a gente comprar muito esta imagem polida como a certa e verdadeira, começamos a nos comparar com coisas que são irreais. O que a comparação excessiva gera para a maioria das pessoas é sofrimento e ansiedade. Em casos extremos, isso pode se tornar de fato um transtorno, como a Ansiedade Generalizada, Fobia Social, Transtornos Alimentares, entre outros. No caso da Fobia Social, é comum haver algum tipo de histórico de bullying ou cyberbullying no qual a pessoa foi realmente humilhada ou viu outros sofrerem isso. O fato de consumir muito conteúdo pode aguçar ainda mais pensamentos de julgamento e humilhação de quem não está em determinado padrão social, estético, de estilo de vida. Os Transtornos Alimentares acontecem muito pela pressão estética que existe ao redor do padrão de beleza magro/fitness e ele afeta sobretudo as mulheres.


Esses quadros podem evoluir ao longo do tempo para depressão caso não sejam tratados.

Por isso, é muito importante que a gente entenda que a rede social faz muitos recortes da vida e nunca se vê todos os lados da vida de uma pessoa, sobretudo os ruins". 

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Se você se colocou na 'categoria' protagonista, é provável que, em algum momento, você se veja pensando: "será que isso é legal de postar? O que será que vão pensar de mim?". Talvez você poste, talvez não ou talvez poste e depois apague. Fica conferindo as notificações para saber quem curtiu a publicação, quem visualizou os stories. Essa cobrança excessiva pode ser nociva, podendo trazer sintomas de autojulgamento (e outros 'autos'), de autoimagem pelo uso excessivo de filtros, que provocam, em alguns momentos, sintomas de ansiedade.


Caso você se enquadre na plateia, provavelmente, você deve achar sua vida 'sem graça' e, com o tempo, desenvolveu sintomas de inveja, ansiedade/depressão e até alguns 'autos'. "A vida de fulano é tão legal, parece sempre feliz", são exemplos de alguns pensamentos que surgem ao rolar o feed.


Myvrian Braga: Quais são os efeitos psicológicos de constantemente buscar validação através de curtidas e comentários no Instagram? 

Aline Lopes, psicóloga: "As redes sociais têm um modo de funcionar que faz com que a gente sinta muita satisfação em receber curtidas, comentários, não só pelo engajamento em si, mas porque a plataforma, além de proporcionar visibilidade, também recompensa mais, entrega mais o seu conteúdo quando você tem engajamento, quando as pessoas curtem e comentam suas postagens. Este mecanismo mexe ainda mais com nosso sistema de recompensa cerebral e pode causar uma dependência psicológica desta aprovação constante.


As pessoas que estão na rede em busca de validação através de comentários e curtidas, quando não os recebe, podem se sentir muito mal e inferiores. Ela pode passar a buscar formas de se apresentar na rede social que não necessariamente tem a ver com ela. Isso vai criando uma persona, ou seja, uma máscara social distante do que a pessoa realmente é, só para ela ter aceitação. 


Também pode gerar tristeza, sensação de inferioridade quando ela se expõe como ela realmente é e não recebe “aprovação”. Esta pessoa se questiona se está errada em ser como é, passa a se depreciar, querer ser diferente e quer seguir o “padrão” mais aplaudido. A autoestima sofre com essa postura, pois esta pessoa passa a negar a si mesma para valorizar quem ela não é.


No fundo, o que muitas pessoas buscam nas redes sociais é ser bem-vista e querida, sem considerar que ser querido não tem, necessariamente, a ver apenas com o número de curtidas, ou comentários".


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Seja protagonista, ou plateia... Os cuidados com a saúde mental e com o autoconhecimento devem andar sempre juntos para que as redes sociais não se tornem um lugar que traz sofrimento e autoflagelos. Afinal, está a um toque na tela e pronto!... Hora protagonista, hora plateia... 


Myvrian Braga: Quais estratégias podem ser adotadas para manter um uso saudável do Instagram, evitando que ele se torne uma fonte de sofrimento emocional? 

Aline Lopes, psicóloga: "Antes de tudo, a gente precisa diminuir o tempo de uso das redes sociais e o tempo de tela, porque a gente está ficando muito condicionado a ver anúncios, explícitos e implícitos, incitando o querer, o desejar exagerado. Queremos consumir cada vez mais, se impor um estilo de vida diferente do que nos é possível, causando sofrimento. Precisamos também filtrar os conteúdos que a gente segue. É muito importante observar se a gente está se sentindo mal porque a gente está seguindo uma ‘bolha' de pessoas com padrões de vida irreal ou conteúdos que mexem muito com nossas inseguranças. É necessário consumir menos conteúdos que causam esses gatilhos de consumo e comparação". 



Myvrian Braga: Como podemos diferenciar entre o uso saudável e o uso prejudicial das redes sociais?

Aline Lopes, psicóloga: "O uso prejudicial das redes sociais é aquele que nos causa ansiedade, tristeza e essa sensação de comparação constante. Se isso está acontecendo com frequência, é sinal que a gente precisa filtrar os conteúdos que a gente consome e precisa diminuir o tempo de tela de alguma maneira. Para diminuir o tempo de tela tem vários aplicativos que ajudam, que bloqueiam o acesso a determinados aplicativos para que acesse a utilização. Este é um grande auxílio, principalmente, quando se está muito “viciado”, muito condicionado a usar redes sociais.


A dica final é reduzir tempo de tela e buscar seguir, de fato, pessoas reais, pessoas que sejam honestas e compartilhem mais do seu dia-a-dia, com menos enfoque em vendas constantes e marketing agressivo, e trazer mais para perto a realidade e as coisas que nos ajudam a refletir sobre o que a gente realmente precisa e é".


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Myvrian Braga

Jornalista - 2811/PI

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