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Sonho gerado, nutrido e realizado: professora Mayara Sousa Ferreira

  • Foto do escritor: Myvrian  Braga
    Myvrian Braga
  • 2 de jul.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 22 de ago.


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Este texto é originário do livro "JORNALISMO ENTRE PICOS: DIÁRIO DE MEMÓRIAS DA UESPI" (baixe o livro aqui), do capítulo "DE ALUNO A PROFESSORES". O livro foi organizado pela Liga JOEME, publicado em outubro de 2024 e o texto "Sonho gerado, nutrido e realizado: professora Mayara Sousa Ferreira" (p.47) é o pontapé inicial para a nossa editoria "Vida em Essência", onde vamos falar sobre histórias de vidas inspiradoras. É com muito carinho e emoção, que vou te contar a história da Professora Mayara Ferreira.


(Abre aspas) Era uma tarde calorosa, assim como a maioria das tardes picoenses. Eu estava perdida pela Uespi, mas encontrei um rosto familiar, me lembrei da foto de posse das novas professoras do curso de Jornalismo da Uespi de Picos. Uma delas era a professora Mayara Ferreira. Falei algo como “conheço você da foto, você é uma das novas professoras do curso de Jornalismo”. Eu ainda um pouco perdida, mas professora Mayara sendo ela mesma (risos). Começava ali um novo ciclo no curso de jornalismo da Uespi. A recém empossada professora, assumiu a disciplina de Realidade Política e Econômica do Brasil e Piauí, na minha turma do bloco 02.

Mayara, Thamyres e Lana, professoras aprovadas que assumiram o concurso da Uespi em 2018. Foi dessa foto que me lembrei quando vi Profa. Mayara pessoalmente. Foto: Arquivo pessoal das professoras
Mayara, Thamyres e Lana, professoras aprovadas que assumiram o concurso da Uespi em 2018. Foi dessa foto que me lembrei quando vi Profa. Mayara pessoalmente. Foto: Arquivo pessoal das professoras

Logo na apresentação, Mayara se emociona ao contar um resumo de sua história para chegar até ali. O curso de Jornalismo da Uespi que, recentemente (2022), fez 20 anos, guarda em suas memórias uma parte da história de vida desta professora que, ainda aluna, decidiu que voltaria a lecionar na casa que lhe garantiu a inserção no ensino superior. Naquele momento, minha turma presenciou a história do curso se confundir com a história de vida de alguém.


Na disciplina de Jornalismo Digital e Plataformas Multimídias, a última atividade era de tema livre. Era a oportunidade que eu tinha de pesquisar e escrever sobre o que eu gostava, então fui pesquisar histórias. Pensei na professora Mayara, que havia me emocionado naquela aula. Vou te contar o que encontrei nessa história...

A maior inspiração...

As boas histórias, muitas vezes, seguem a ordem cronológica. Mais importante do que chegar ao hoje é compreender o início da trajetória de Mayara. Quando começou o gosto de Mayara pela educação e pelo ambiente acadêmico? A culpa (no bom sentido) é de Dona Marily Pacheco de Sousa Ferreira, sua mãe. Nascida na pacata São José do Piauí (que está a 30 km de distância de Picos), Dona Marily destoou do costume da época de sua cidade em que as meninas se casavam aos 16 anos. Marily foi estudar e deixou o casamento para depois do curso da Escola Normal Oficial de Picos. Foi uma revolução para a família e para a época, mas ali se iniciava uma nova trajetória para os futuros Sousa Ferreira.


Mayara teve a mãe e professora como inspiração. Marily conta que, ainda pequena, a hoje professora da Uespi, brincava de boneca, distraía-se e deixava o arroz queimar. Na época, Marily ficava fora de casa por alguns dias para fazer sua graduação e continuar seus estudos. Na tentativa de amenizar a ausência que as horas de estudo exigiam da rotina materna, as idas à universidade contavam como passeio para a “cria”. Mayara fala sobre ir algumas vezes à Universidade com sua mãe. “Eu amava!”, relata. [...]

1ª Entrevista com Profa Mayara

Lembro de ir entrevistá-la em seu trabalho pela manhã na Coordenadoria de Comunicação da Prefeitura de Picos. Mayara foi a primeira jornalista concursada da prefeitura de Picos e foi empossada no ano de 2017. Ela trabalhava no cargo de Jornalista da Prefeitura e conseguiu, com seus esforços, tanto a vaga do concurso, como ascender aos cargos da Coordenadoria de Comunicação. A preparação para as aulas ajudou a construir a bagagem que a professora juntou aos anos de curso e experiência de mercado para atingir a aprovação naquele concurso bastante esperado e disputado na cidade.

“Eu sei que eu passei [no concurso], porque eu sou professora, porque, diariamente, para interagir na sala de aula, eu preciso estudar e, estudando para trabalhar, eu consegui me preparar para os concursos”, declara.

Em 2007, com muita dificuldade financeira, meus pais pagaram o cursinho pré vestibular para mim e para o meu irmão. [...] para a gente se preparar para entrar na universidade”, recorda Mayara. A concorrência para o curso de Jornalismo na Uespi era de 17 para uma vaga. Só perdia em maior concorrência para o curso de Direito, que era de 20 para uma vaga. Mayara passou em terceiro lugar para o curso de Jornalismo, mas também passou em primeiro lugar em Letras na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e em Ciências Sociais na Universidade Regional do Cariri (URCA), em sétimo lugar. Seu desejo era Ciências Sociais, mas os pais não tinham condições de sustentar a filha em uma cidade mais distante e Mayara acabou optando pelo curso de Jornalismo. Ao entrar na Universidade, ela se deparou com outras dificuldades. Dentre elas estava a estrutura da Uespi, ou melhor dizendo, a ausência dela. [...]


Vou te contar mais sobre o passaporte para a pesquisa... Ao terminar a graduação em 2011, ela já iniciou as seleções para o Mestrado. “Foi outra grande dificuldade pra mim”, desabafa. Para ela, assim como não teve a base escolar para entrar na universidade e foi necessário fazer um cursinho, também não teve a base da universidade para ingressar no mestrado. [...]

Uespi, voltei!

Mas o desejo de Mayara sempre foi voltar como docente da Uespi, lembra? “Eu quero contribuir com a mudança na minha região e eu vejo a educação como uma saída. Porque eu sempre pensei assim: eu vou me preparar, eu vou me qualificar, mas eu vou querer atuar na minha região, sertão do Piauí. Eu vejo mais sentido assim”, declara.


No concurso para professor da Uespi em 2018, Mayara passou, foi chamada, assumiu o cargo e, hoje, ministra aulas na instituição e coordena projetos de pesquisa e extensão, dentre eles a Liga Acadêmica Joeme (Jornalismo, Educação e Memória) proporcionando além de conhecimento, muitas experiências aos seus alunos. A Professora Mestre e Doutora (DOUTORA bem alto, como gritamos em nossa colação de grau), Mayara Ferreira, mostra a que veio. Ela está vivendo o seu sonho muito a sério. “É o concurso da minha vida!”, enfatiza Mayara todas as vezes que pode.


Encontre mais imagens no livro, acesse o livro clicando aqui.


Se pudesse resumir em uma palavra o seu retorno como professora da Uespi, ela resume em SONHO (palavra repetida muitas vezes e com ênfase). “Olha, a Uespi para mim sempre foi um sonho. [...] Então, voltar para a Uespi, como professora, é a realização de um sonho. Parece clichê mesmo e é. Para mim é isso, eu estou vivendo um sonho”. [...]

Colação de Grau Turma: “Da Uespi pro Mundo”... Eu vejo a Profa Mayara super animada aqui nessa foto. A gente sabia que era uma mistura de animação e saudade! Foto: Studio Chis
Colação de Grau Turma: “Da Uespi pro Mundo”... Eu vejo a Profa Mayara super animada aqui nessa foto. A gente sabia que era uma mistura de animação e saudade! Foto: Studio Chis
2ª Entrevista com a Profa. Mayara

Então, nos encontramos virtualmente pelo Google Meet e a professora Mayara me recebeu em seu escritório, com uma xícara de café, para conversarmos sobre como anda a vida de DE (dedicação exclusiva) da Mestre e, na época, quase doutora, professora Mayara Ferreira.


Cansada, mas realizada! Cansada pelo contexto de pandemia que estamos vivendo, mas realizada, pois, são 14 anos de sua vivência na Universidade como aluna, até chegar a ser professora DE. Durante esse período, Mayara buscou trabalhar no meio jornalístico com a finalidade de trazer para seus alunos as experiências das dores e dos sabores da profissão. Foram 9 anos como Jornalista Institucional, trabalhando com assessoria de comunicação.

Formação, transformação e afetividade

“Eu sou professora. E tive a minha vida transformada por conta da educação. Eu estou me realizando do ponto de vista pessoal e profissional, porque a Universidade me deu uma profissão. [...] Quando eu atuo como professora, seja em sala de aula, seja em projetos de pesquisa, seja nos projetos de extensão, é com essa intenção de ajudar na transformação dessas pessoas para que elas tenham uma oportunidade, como eu tive, porque Jaque Torres me ajudou quando voltou do Mestrado”. De aluna e professora a amigas e, hoje, colegas de trabalho.

A história continua...

“É uma honra falar da minha filha. Obrigada por abrir esse espaço para conhecer a história dela, porque acredito que é um testemunho, que pode ajudar muitas pessoas, que dizem que não conseguem, que não podem, que não tem condições financeiras. Com esse testemunho, as pessoas podem se inspirar, buscar forças para lutar e chegar onde quiserem chegar”. Nessa fala, dona Marily agradece a oportunidade de contar a história da sua filha, mas sabemos que a história continua. Ainda tem muito a se contar, momentos importantes que as entrevistadas guardam no coração. A história continua... Hoje, agradeço pela oportunidade de escrever a história da minha Profa Mayara.

A história continua... (PARTE 2)

O dia era 24 de agosto de 2022 e, em uma apresentação híbrida, sediada no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPI, os familiares, amigos e alunos da primeira turma da Uespi de Picos para a qual a Profa. Mayara ministrou sua primeira aula no campus, participaram da apresentação da sua tese de doutorado.


Como uma das alunas dessa turma, expresso aqui minha emoção em participar desse momento tão especial e de “concluir” esta história inspiradora, até aqui. (Fecha aspas)

Profa. Mayara, eu e Profa. Thamyres (minha orientadora do TCC). Quando chamaram Profa. Mayara para compor a mesa eu me lembro de gritar: “Doutoraaaaaaa!” Eu escrevi e contei essa história inspiradora aqui! Às vezes sentimentos parecem ser de um idioma desconhecido, alguns momentos não consigo traduzir! Foto: Studio Chis
Profa. Mayara, eu e Profa. Thamyres (minha orientadora do TCC). Quando chamaram Profa. Mayara para compor a mesa eu me lembro de gritar: “Doutoraaaaaaa!” Eu escrevi e contei essa história inspiradora aqui! Às vezes sentimentos parecem ser de um idioma desconhecido, alguns momentos não consigo traduzir! Foto: Studio Chis

O texto publicado aqui teve alguns cortes, mas deixo aqui um convite especial: venha conhecer nosso livro, ler a história completa e, ainda, conferir mais narrativas que inspiram, encontre o livro aqui!

 
 
 

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Myvrian Braga

Jornalista - 2811/PI

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